Olá Cláudia,
Eu não penso que a minha forma de ser, sentir e estar no Mundo vai mudar se eu vir com clareza que um eu não existe. não necessariamente, mas não vou viver para esta pessoa como vivo agora. Minhas ações não vão ser condicionadas acho que tudo vai ser mais expontâneo.
Neste momento, está a acontecer algo que não seja expontâneo?
A sério... o que é que está a acontecer que não aconteça expontaneamente?
Eu só quis dar te exemplos do que na minha vida diária parece haver um eu. Quis dar te os "sintomas".
Sintomas é a palavra certa. Mas tenho a impressão que encaras os sintomas como provas de que és um eu separado, em vez de veres que os sintomas provocam e reinforçam a ilusão de que és um eu separado.
Sim compreendo que as minhas preferências foram aprendidas.
Sim foram, mas só 100% delas.
Sensações acontecem sim, eu só parto do Princípio que as reações as mesmas podem provar a existência de um eu Porque eu estou constantemente a viver com esta "pessoa" que precisa de ser protegida.
O que é que vez aqui e agora a precisar de ser protegido?
Vou sugerir que passes algum tempo a olhar para isto de outro ponto de vista.
Sensações e emoções acontecem. E com elas aparece uma história sobre o eu.
Se te focares só nas sensações e emoções, dirias que precisas de te proteger do que estás a sentir? O que é que descobres se, em vez de tentar evitar o que sentes aceitares o que sentes?
Entendes o que queria dizer? Estou semPre a proteger a Cláudia. Estou a procurar sempre melhorar Tudo à minha volta para que a Claudia esteja bem. VEjo claramente que vivo a volta desta pessoa. Entendes me aqui?
Sim, entendo. E funciona? Tentar controlar a vida para que a Cláudia esteja bem?
É possível controlar o que se passa no corpo, nos pensamentos, nas sensações, no dia a dia?
Até que ponto é que acreditas que a Cláudia pode e precisa de ser protegida? E por quem?
Com isto não quero dizer, obviamente, que ter precauções ou tentar fazer o que pensamos que é o melhor para nós é inútil, impossível, errado, etc, etc. Estas questões vão mais na direção de questionar a ideia de que és algo separado do resto, que tem a capacidade de fazer a vida moldar-se como pretendes.
Acho que não me vou tornar insensível, MAS não vou ter necessidade de proteger ninguém, se não há ninguém. Parece que para ti não faz sentido o que te estou a dizer aqui, e não sei se me estou a explicar bem. Enquanto eu pensar que esta pessoa existe eu vou ter necessidade de a proteger para não sentir coisas menos boas.
Mas mesmo que deixes de pensar que a pessoa existe - o que é improvável, porque os pensamentos são o que são - porque é que deixarias de proteger, dentro do possível, o que existe? Pensas que quem viu que o eu é uma ilusão deixa de lavar os dentes, de ser acertivo, de olhar para ambos os lados quando atravessa a estrada?
Agora não sei o que vem primeiro- enfrentar os meus medos OU ver claramente que não existe ninguém e por isso não há nada a temer.
Repara como a tendência que temos é ver tudo em termos de branco e preto, isto ou aquilo, sem notar que nada é assim tão liniar. Que percentagem dos teus medos está relacionada com o que está a acontecer agora? Por outras palavras, os teus medos são provocados por algo que está a acontecer ou por algo que pensas que pode acontecer? Até que ponto estás a fazer "futurologia" - pensar em coisas que, muito provavelmente, não vão acontecer?
Bom, acho que já pus muita coisa cá para fOra.. acho que já te dei quase todos os meus argumentos, os meus "but's" . POr isso, sinto me confiante prosseguir a investigação contigo.
Às vezes tenho a impressão de que sou muito direta e que posso de alguma forma magoar-te. Não é essa a minha intenção. Fico feliz por me dizeres que te sentes confiante. Mas não te prendas muito nos resultados, vamos andando um post de cada vez :)
nãos Sei bem como seguir daqui para a frente..
O caminho é sempre o mesmo. Verificar se um eu, uma entidade solida, permanente, separada, real, existe aqui e agora. E para isso tens que comparar o que pensas com o que está aqui, agora...
Beijinhos,
S