Por favor, sempre que eu fizer perguntas, gostaria que as respondesse na íntegra, sem vagueza. Isso é importante para o nosso diálogo aqui. Mesmo que muitas vezes pareçam perguntas retóricas, elas não são! Tome seu tempo, observe-as em sua experiência imediata e só então responda. Infelizmente, em uma comunicação inteiramente escrita, isso se faz necessário!
Combinado?
“Medo de estar errando, de estar seguindo um caminho que não é o correto. Tudo isso potencializado pelas pessoas que dependem de mim... Esposa, filhos, trabalho, casa, etc...”
Observe esse medo de "estar errado" diretamente. Quem, de fato, está percebendo esse medo? Existe realmente um "eu" que possa acertar ou errar?
O amor e o cuidado que você sente por sua família e as responsabilidades surgem naturalmente, ou há a necessidade de um "eu" que os controle?
O "certo" e o "errado" são ideias? Ou há algo além disso?
Se você soltar a necessidade de controle, o que resta além do próprio amor e cuidado?
Sim, respondemos emocionalmente (o que inclui o medo) às histórias mentais. Em seguida, mais histórias surgem em resposta, provocando mais reações emocionais, e assim continua. Um círculo vicioso.“Mas acredito que seja o medo natural que faz parte do processo, pois ele não me impede de continuar, só gera insegurança.”
O que acontece quando você tenta impedir que essas histórias apareçam?
O que acontece quando você tenta substituir as histórias de medo, etc., por outras – de alegria, paz, conforto, etc.?
E o que acontece quando você simplesmente deixa as histórias fluírem, meio que em segundo plano, sem dar muita atenção a elas, como um rádio no carro que ninguém está realmente ouvindo?
“Imagina a ruptura necessária para quebrar esta barreira...”
Qual barreira??? O que difere o que está externo e que está interno na sua percepção? Qual barreira os separa? Onde estão esses locais ‘externo e interno’? Como isso se manifesta na sua experiência imediata? (Sim, estou repetindo essas perguntas e quero uma resposta dessa vez, por favor).
Passado e o futuro são lembranças e expectativas que surgem e se dissolvem no presente. A ideia de que "o aqui se faz, aqui se paga" é uma tentativa da mente de explicar a realidade usando conceitos de tempo, continuidade, causa e efeito. Mas, de fato, quem está observando esse momento não precisa de nenhuma dessas ideias para existir.A teoria do KArma é divagação ??? O aqui se faz, aqui se paga, que tanto presenciamos é controlado pela nossa própria consciência única??? Ou isso não existe???
Quando você pergunta se é controlado pela "nossa própria consciência única", você está sugerindo que há um "EU" ou uma "CONSCIÊNCIA" controlando algo. No entanto, se você se permite observar mais profundamente, perceberá que tanto o "controlador" quanto o "controlado" são, na verdade, conceitos. Na sua experiência direta, o que existe é apenas esta presença, esta consciência sem fronteiras, sem um "EU" ou "outro" separadamente, não? O que há além disso?
A questão não é se o Karma existe ou não, mas sim: você pode estar totalmente com o que é, agora, sem precisar rotular, explicar, mudar ou controlar?
O que é a ideia de "Karma" senão mais uma história, mais um pensamento que surge AGORA? Onde exatamente você encontra o passado ou o futuro, além de imagens e lembranças que aparecem neste momento?
Quando você pensa "o aqui se faz, o aqui se paga," pode observar que essa ideia é apenas uma tentativa da mente de criar sentido? Quem, no agora, está preso a essas explicações? Quem observa tudo isso sem precisar definir ou controlar?
E quando você pergunta sobre uma "consciência única" controlando tudo — onde está essa consciência? Quem é esse "eu" que precisa de controle?
Experimente soltar, apenas por um momento, a necessidade de explicar e controlar. Quem é você, aqui e agora, antes mesmo de pensar sobre Karma, passado, ou futuro?
Quando acordo de manhã e dou bom dia aos meus filhos e peço a Deus que os abençoe, isto é inócuo ??? Por que não há ninguém para abençoar e ninguém para ser abençoado ?? Seria retórica??
Nessa fala, "Deus os abençoe," observe o que está realmente acontecendo nesse momento...Imagino que haja uma intenção de cuidado, de amor sincero de que seus filhos estejam bem. Essa intenção surge espontaneamente, sem esforço! é simplesmente a expressão de amor, uma energia natural, certo?
Mas quem exatamente está desejando isso? E para quem? Há realmente uma divisão entre "você," seus filhos e "Deus"? Ou será que tudo isso, o desejo, o amor, o ato da benção, emerge de um único espaço de presença que já está aqui e agora???
E sobre a "benção", o que ela é para você? É algo que precisa vir do externo, de fora, de uma força separada??? Ou é possível que a benção seja a própria experiência de amor e cuidado que você sente por eles?
Talvez não se trate de alguém abençoando outro alguém, mas apenas do próprio movimento de amor, que é livre, que é vida se expressando. Nesse sentido, não é inócuo; é pleno em si mesmo. Não é retórica; é a própria manifestação da paz e da unidade que já existe e que se expressa através do gesto, na sua experiencia imediata! Isso precisa mesmo de alguma narrativa ou historia fantastica da nossa imaginação?
May.